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Uma Ponte entre os Fracos e os Fortes

A quem se destina a liberdade religiosa?

As sociedades são constituídas por maiorias e minorias. Seja por escolha ou por via do nascimento, as pessoas pertencem a grupos. Vivemos a nossa vida e expressamos o nosso propósito por meio de comunidades religiosas, raciais, políticas e culturais. Todas elas são diferentes. Todas têm seu lugar.

 

Mas nem todas têm o mesmo poder. Algumas são maiores, mais antigas, mais ricas e mais bem relacionadas do que outras. Este desequilíbrio coloca uns sistemas de crença contra outros, mas uma sociedade pacífica coloca os fortes e os fracos em condições de igualdade.

Às vezes, esta tensão apresenta-se drasticamente.

Open Doors, uma organização que acompanha a perseguição religiosa, relata que “o sofrimento dos cristãos simplesmente por causa da sua fé está a tomar proporções assombrosas”. Nos 50 países mais rigorosos, mais de 200 milhões de cristãos sofrem altos níveis de perseguição. “O triste número de cristãos mortos”, refere o relatório, prossegue “em mais países do que nunca”. Os cristãos estão a ser expulsos das suas antigas comunidades no Médio Oriente, assassinados na Nigéria e marginalizados por um crescente nacionalismo religioso na Ásia. Tudo isso exacerba a crise mundial de refugiados. “Nunca antes tantos cristãos estiveram sempre em mudança.”[1]

E não são só os Cristãos. Em países de todo o Médio Oriente, os Muçulmanos têm sido mortos e perseguidos por militantes islâmicos. Minorias vulneráveis foram forçadas a sair das suas casas por déspotas e terroristas. O conflito sectário desencadeou um ciclo de sequestros, assédios e deslocações.[2] Segundo a Open Doors, “a perseguição religiosa é um importante fator de migração global forçada”.[3] Em meio a este caos, refugiados muçulmanos fogem pela sua vida. Em Myanmar a maioria budista está a reprimir a pequena comunidade muçulmana de Rohingya.[4] Os assaltos contra os muçulmanos aumentaram nos Estados Unidos,[5]  e as opiniões relativamente aos muçulmanos têm sido cada mais negativas por toda a Europa.[6]

Talvez mais do que qualquer outro povo ao longo da história, os judeus passaram por uma enorme perseguição como uma minoria que foi espalhada pelo mundo. O antissemitismo ainda continua a ser um problema na atualidade. Um relatório documentou 1.883 ataques contra judeus, sinagogas e cemitérios judaicos no Canadá, nos Estados Unidos e em 44 países da Europa e da Ásia Central em 2014.[7]

As minorias não têm uma vida fácil.

Mas a liberdade de religião ou crença pode ajudar. O valor de um direito encontra-se na sua capacidade de proteger tanto a maioria como a minoria. Essa liberdade opera em duas frentes. Como lei assegura o livre exercício da religião; como norma social, promove o respeito pelas diferenças e desacordos. Nenhum país é perfeito nisto. Mas ao conferir dignidade às nossas crenças, a liberdade religiosa une todas as pessoas, inclusive aquelas que não professam nenhuma religião.

Considere como exemplo o país dos Camarões, da África Ocidental. Sob ameaça de ataques terroristas, as congregações cristãs e muçulmanas revezavam-se na tarefa de se protegerem umas às outras. Às sextas-feiras os cristãos guardavam as mesquitas durante a oração comunitária, e aos domingos os muçulmanos guardavam as igrejas durante as reuniões dominicais.[8]

Tal reciprocidade é vital, uma vez que a maioria e a minoria frequentemente trocam de lugar. O que é popular em dada altura torna-se impopular noutra. Toda a religião sofre as oscilações entre a proeminência e a obscuridade. O grupo cultural que goza de privilégios hoje pode perdê-los amanhã.

O poder não é permanente. Assim, uma liberdade religiosa que proteja o indivíduo fraco é também a melhor segurança para o indivíduo forte. A segurança não está em números; A segurança está na justiça.

Há consequências para a repressão das crenças, práticas e aspirações das minorias. O desequilíbrio leva à instabilidade, cria ressentimentos e agudiza as divisões. A alienação cria estranhos, e esses estranhos estendem-se pelo mundo a fora em busca de apoio. O código de hospitalidade encontrado na Bíblia torna-nos responsáveis perante os menores entre nós. E como todos nós somos estrangeiros numa terra estranha, se formos amigos de um estranho, podemos descobrir “anjos  inesperados”.[9]

A liberdade religiosa para alguns é na realidade liberdade religiosa para ninguém.

Outros artigos da série:

Parte 1: Um Parceiro em Defesa da Paz
 
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[1] Ver Open Doors World Watch Report 2017, “The Persecution of Christians and Global Displacement,” pp. 3-5.

[2] Ver Katayoun Kishi e Angelina E. Theodorou, “6 Facts about Religious Hostilities in the Middle East and North Africa,” Pew Research Center, 7 de julho de 2016.

[3] Ver Open Doors World Watch Report 2017, “The Persecution of Christians and Global Displacement,” p. 3.

[4] Human Rights Watch, “Burma: New Wave of Destruction in Rohingya Villages,” 21 de nov., 2016.

[5] Katayoun Kishi, “Anti-Muslim Assaults Reach 9/11-era Levels, FBI Data Show,” Pew Research Center, 21 de nov., 2016.

[6] Ver Richard Wike, Bruce Stokes e Katie Simmons, “Europeans Fear Wave of Refugees Will Mean More Terrorism, Fewer Jobs,” Pew Research Center, 11 de julho de 2016.

[7] Organization for Security and Cooperation in Europe, Hate Crime Reporting, Anti-Semitism, relatório de 2015.

[8] Terry Turner, “Christians Protect Mosques on Fri. Muslims Guard Churches on Sunday,” Good News Network, 29 de jan., 2016.

[9] Bíblia, Hebreus 13:2

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