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Clayton Christensen, ex-Setenta de Área e guru da inovação disruptiva, morre aos 67 anos

Nascido em Salt Lake City serviu como missionário da Igreja na Coreia e como bispo e Setenta de Área.

          

Clayton Christensen, cuja teoria da inovação disruptiva fez dele uma influência fundamental em muitas empresa tecnológicas em Silicon Valley, como Netflix e Intel, e lhe rendeu duas vezes o título de pensador de gestão vivo mais influente do mundo, morreu no dia 23 de janeiro aos 67 anos.

O seu irmão, Carlton, informou que Christensen morreu na noite de quinta-feira devido a complicações do tratamento do cancro em Boston, Massachusetts, onde ele fazia parte notável da comunidade dos santos dos últimos dias há mais de 40 anos. 

Christensen introduziu a “inovação disruptiva” na Harvard Business Review em 1995, mas a teoria e o termo invadiram a consciência pública em 1997, quando publicou "O dilema do inovador”, que foi pioneiro no conceito de rutura que grande parte de Silicon Valley segue como guia. A obra teve um grande impacto junto de alguns dos fundadores mais importantes da indústria das tecnologias, como Steve Jobs, o fundador da Apple. Logo depois da sua publicação também  o CEO da Intel, Andy Grove surgiu com uma cópia do livro no COMDEX em Las Vegas e o declarou como sendo o livro mais importante que havia lido em dez anos. Os dois homens apareceram juntos na capa da revista Forbes em 1999 - e Christensen e o mundo dos negócios mudaram para sempre. Reed Hastings, CEO da Netflix, usou “O Dilema do Inovador” com a sua equipe. Jeff Bezos, fundador da Amazon orientou os seus executivos a lerem Christensen. Contador de histórias magistral, Christensen compartilhou seus estudos de caso com salas cheias de CEOs. O timing de Christensen foi perfeito, de acordo com a revista New Yorker.

Usando exemplos que variam de rádios, transístores e computadores pessoais, a teoria de Christensen explicou como as empresas grandes e já estabelecidas podem ser vulneráveis às tecnologias que não se adaptam às necessidades dos clientes comuns, mas rapidamente dominam o mercado. Christensen inicialmente usou o termo "tecnologias disruptivas". Grove apelidou-o de "Efeito Christensen". Depois que Christensen alterou-o para "inovação disruptiva", o termo tornou-se onipresente. 

Várias figuras da indústria da tecnologia prestaram-lhe homenagem, como foi o caso do empresário e investidor Marc Andreessen, que lhe chamou de "gigante", num posto no Twitter.

Além de dez livros sobre negócios, ele escreveu sobre a fé dos Santos dos Últimos Dias num documento chamado “Por Que Pertenço e Por Que Acredito“. O seu livro “The Power of Everyday Missionaries: The What and How of Sharing the Gospel” é uma obra muito popular.

O Presidente Thomas S. Monson, 16º presidente de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, contou num devocional da Universidade Brigham Young e numa Conferência Geral da Igreja sobre uma importante decisão tomada por Christensen quando ele era jovem:

“Quero compartilhar com vocês o exemplo de alguém que decidiu bem cedo na vida quais seriam as suas metas. Refiro-me ao irmão Clayton M. Christensen, membro da Igreja, que é professor da Faculdade de Administração de Empresas da Universidade de Harvard.

Quando tinha dezasseis anos, o irmão Christensen decidiu, entre outras coisas, que não praticaria desporto aos domingos. Anos depois, quando frequentava a Universidade de Oxford, na Inglaterra, ele jogava como base na equipe de basquetebol. Naquele ano, tiveram uma temporada invicta e chegaram ao que, na Inglaterra, equivaleria ao campeonato de basquetebol da Associação Atlética Universitária Nacional, nos Estados Unidos.

Venceram os jogos com relativa facilidade no campeonato, chegando aos quartos de final. Foi então que o irmão Christensen viu a programação dos jogos e, para seu desalento, descobriu que a final estava marcada para um domingo. Ele e a equipe haviam-se esforçado muito para chegar até ali, e ele era o base. Procurou o técnico para expressar o seu dilema. O técnico não foi gentil e disse ao irmão Christensen que ele devia disputar o jogo.

Antes da final, porém, houve a semifinal. Infelizmente, o base de reserva deslocou o ombro, aumentando a pressão sobre o irmão Christensen para que disputasse a final. Ele foi para o seu quarto de hotel. Ajoelhou-se e perguntou ao Pai Celestial se haveria problemas se, apenas daquela vez, ele disputasse aquele jogo no domingo. Ele conta que, antes de terminar de orar, recebeu a resposta: ‘Clayton, por que Me está a perguntar isso? Você sabe a resposta’.

Foi procurar o técnico e disse que sentia muito, mas que não disputaria a final. Depois, foi às reuniões dominicais na ala local, enquanto a sua equipe jogava sem ele. Orou fervorosamente para que tivessem sucesso. Eles ganharam.

Aquela decisão fatídica e difícil foi tomada há mais de trinta anos. O irmão Christensen disse que, com o passar do tempo, ele veio a considerar aquela uma das decisões mais importantes que tomou na vida. Teria sido muito fácil dizer: ‘Sabe, de modo geral, o mandamento de guardar o Dia do Senhor é a coisa certa, mas na minha situação específica há atenuantes, e não vai fazer mal se, só desta vez, eu não o cumprir’. Contudo, ele disse que, ao longo de toda sua vida, houve uma série interminável de situações atenuantes, e que se ele já tivesse cedido apenas aquela vez, quando surgisse novamente algo muito urgente ou crítico, teria sido bem mais fácil ceder de novo.

A lição que ele aprendeu foi que é mais fácil guardar os mandamentos 100 por cento do tempo do que 98 por cento do tempo.”

Nascido em Salt Lake City e tendo servido como missionário de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, Clayton Christensen serviu também como bispo e Setenta de Área. Ele também fez parte do conselho editorial da Deseret News. Era casado com Christine, com quem tinha cinco filhos, Matthew, Ann, Michael, Spencer e Catherine.

Leia aqui "Por que Pertenço e por que Acredito" por Clayton M. Christensen

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