Na participação que tem no blogue “On Faith” (Sobre a Fé) num dos jornais de referência em todo o mundo, o Washington Post, Michael R. Otterson, diretor geral do Departamento de Relações Públicas de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, sugere que o termo “Mormon Moment” (Momento Mórmon), criado por um jornalista há alguns atrás, é um cliché que necessita ser revisto.
Diversos eventos na última década – por exemplo os Jogos Olímpicos de Inverno de 2002, realizados em Salt Lake City (cidade onde a Igreja tem a sua sede) – foram batizados de “O Momento Mórmon”. O significado literal de momento, no entanto, refere-se a uma período indefinido, mas curto. E isto é um problema, diz Otterson, porque a Igreja tem já uma longa e apaixonante história nos Estados Unidos. Esta designação é bastante superficial e ignora o alcance e profundidade do que o estilo de vida mórmon significa para os Santos dos Últimos Dias espalhados por todo o mundo.
Tratar o crescente interesse na “fé Mórmon” com uma moda que rápido desaparecerá, tende a confinar o assunto num enquadramento limitado, em que definições simplistas e conclusões questionáveis são apresentadas. Na sua ânsia de exprimir um julgamento neste contexto, os jornalistas acabam por gerar debates espúrios e ocos sobre o que é relevante ou não na crença mórmon de um dos candidatos à nomeação pelo respectivo parrtido à eleição para a presidência dos Estados Unidos da América.
Michael Otterson dá um conselho aos jornalistas sobre o que podem eles fazer para mais eficazmente chegarem ao cerne do que está no centro dos mórmons.
“Venham conhecer-nos, da maneira apropriada. Apareçam nas nossas reuniões ao domingo, falem com a nossa gente, jantem com um dos líderes locais, assistam a uma reunião familiar num lar mórmon, estejam presentes quando um futuro missionário se prepara para abrir a carta que traz o seu “chamado” para a missão e que o informa em que parte do mundo ele irá passar os próximos dois anos. Acompanhem-nos num projeto de serviço. Quando tiverem conseguido apanhar um pouco do que somos, observem atentamente a transformação na vida das pessoas que os missionários estão a ensinar e a quem vão acompanhar no processo de conversão e filiação à Igreja. Vejam pessoas que transformam atitudes de desespero para vidas com propósito e significado, ao aprenderem novas maneiras de seguir a Jesus Cristo. Falem com um bispo Mórmon – a nossa versão de um padre ou pastor de uma congregação, mas que nada recebe pelo serviço que presta – ao ajudar as pessoas nos seus problemas com dependências ou com casamentos em risco ou até desemprego. Examinem a doutrina – não através do simplismo de comparações do tipo “nós e eles” que muitas vezes vemos, mas da forma que explique como a doutrina da Igreja influencia o comportamento.
Nesse mesmo post, Michael Otterson menciona um estudo que foi feito por sociologistas das Universidades da Pensilvânia e de Indiana-Purdue, que capturam o compromisso sério com a religião por parte dos Santos dos Ùltimos Dias.
Em Portugal temos tido exemplos desta cobertura jornalística que se foca na compreensão das crenças e práticas dos mórmons e deixa de lado aspectos periféricos, que afinal na vida dos fiéis, acabam por ter uma importância reduzida. Os exemplos mais recentes deste tipo de jornalismo cuidado e objectivo são os artigos que saíram no jornal “Expresso” e no jornal “Público”, no final de Fevereiro e início de Março.
Link para uma entrevista com um membro da Igreja, no Público Online.
Link para a fotogaleria do Público Online.